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Escrever para se escutar: o poder da escrita como recurso terapêutico

  • Foto do escritor: Danielle de Campos
    Danielle de Campos
  • 28 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 29 de mai.

Em alguns momentos, as emoções parecem um emaranhado difícil de compreender. Sentimos muito, mas não sabemos bem o quê. Queremos falar, mas não encontramos as palavras. Nesses instantes, escrever pode ser um gesto simples — e profundo — de cuidado consigo.


A escrita tem o poder de transformar a vivência interna em linguagem, de trazer à luz o que antes era apenas sensação, confusão ou silêncio. Quando escrevemos sobre o que sentimos, não estamos apenas nos expressando: estamos nos escutando. E essa escuta — silenciosa, íntima, sem julgamento — é profundamente terapêutica.



Por que escrever ajuda?


A escrita terapêutica, também chamada de terapia da escrita e escrita expressiva, é uma prática que tem sido estudada há décadas na psicologia. Um dos pesquisadores mais conhecidos nesse campo é o psicólogo James Pennebaker, que demonstrou, em diversos estudos, que escrever sobre experiências emocionais pode trazer benefícios significativos para a saúde mental e física.


Segundo as pesquisas, colocar emoções em palavras pode:


  • Reduzir sintomas de ansiedade e depressão

  • Diminuir níveis de estresse

  • Fortalecer o sistema imunológico

  • Aumentar a clareza mental e a sensação de bem-estar

  • Melhorar a capacidade de lidar com situações difíceis


Escrever sobre o que se sente nos ajuda a organizar pensamentos, entender reações, dar nome ao que antes parecia inominável. É como se, no ato de escrever, fôssemos construindo um caminho interno de volta para casa.


Como começar?


Você não precisa ser escritor, nem saber como começar ou terminar um texto. Não é sobre estética, e sim sobre verdade. A escrita terapêutica é livre, íntima e sem julgamento.


Aqui vão algumas sugestões para iniciar a prática como recurso terapêutico:


  • Escolha um momento de silêncio: pode ser de manhã, antes de dormir, ou sempre que sentir algo pedindo espaço para ser expresso.

  • Defina um tempo curto: 10 a 20 minutos já são suficientes para começar.

  • Escreva sem censura: deixe fluir. Não releia, não edite.

  • Foque nas emoções: tente descrever o que você está sentindo, onde sente no corpo, o que despertou isso, o que você gostaria de dizer se pudesse.

  • Dê um nome ao texto, se quiser: ou simplesmente feche o caderno e agradeça a si por ter se escutado.


Uma escuta de si


Na prática terapêutica, muitas vezes oriento meus pacientes a escreverem entre as sessões — especialmente em momentos de dor, confusão ou transição. A escrita, nesses casos, é uma forma de escuta ativa de si mesmo. Uma maneira de dar espaço àquilo que, dentro de nós, pede presença.


Escrever também pode ser uma forma de ritualizar o que sentimos. De marcar ciclos. De testemunhar a própria história com mais verdade, respeito e delicadeza.


Um convite


Se você sente que há algo dentro pedindo para ser olhado, talvez escrever seja o primeiro passo. Não para resolver tudo. Mas para se escutar — com mais atenção, mais profundidade, mais cuidado.


Experimente. E, se quiser, compartilhe comigo como foi. Às vezes, escrever é o começo de um novo jeito de se ouvir.


Referências:

  • Pennebaker, J. W., & Beall, S. K. (1986). Confronting a traumatic event: Toward an understanding of inhibition and disease. Journal of Abnormal Psychology.

  • Baikie, K. A., & Wilhelm, K. (2005). Emotional and physical health benefits of expressive writing. Advances in Psychiatric Treatment.

  • Smyth, J. M. (1998). Written emotional expression: Effect sizes, outcome types, and moderating variables. Journal of Consulting and Clinical Psychology.

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